Enquanto o movimento intenso e o agito das grandes praias dominam o Litoral Norte, o Farol da Solidão, no município de Mostardas, oferece um refúgio de sossego e simplicidade. A cerca de 9 km por estradas de areia entre dunas, a pequena praia guarda uma realidade única, onde o antigo farol que dá nome ao local é o marco de uma comunidade que preza pela tranquilidade.
Com poucas centenas de casas e cerca de 100 moradores fixos, a praia é habitada, em sua maioria, por pescadores, aposentados e pessoas em busca de um estilo de vida mais calmo. Durante a alta temporada, os veranistas trazem mais movimento ao balneário, mas ainda assim a sensação de paz permanece. "O sossego é o grande diferencial daqui. A praia cresceu bastante desde que viemos, há 15 anos, mas ainda é muito tranquila", afirma Olinda Zancanaro, de 66 anos, dona de um dos dois mercados da localidade.
A rotina no Farol da Solidão reflete o ritmo calmo da comunidade. Durante a semana, é comum encontrar poucas pessoas na praia. Paula Nunes, pedagoga de 46 anos, aproveitava o mar com o filho Bernardo, de 13. "Hoje está um espetáculo. É mais sossegado e tranquilo que outras praias. Veraneio aqui desde que minhas filhas mais velhas eram pequenas", conta.
Marcos Rocha, de 60 anos, escolheu a praia para morar há seis anos, atraído pela pesca e pelo ambiente aconchegante. "O diferencial aqui é o sossego. Não tem violência, todo mundo se conhece. É uma praia pequena, mas com tudo o que precisamos", destaca. Sua esposa, Cris Portela, complementa que o artesanato é outra alternativa para quem busca atividades locais. "Ou pesca, ou faz artesanato. É uma rotina simples e boa", ressalta.
Embora a tranquilidade seja o ponto forte do Farol da Solidão, a comunidade também enfrenta desafios, como o abandono de animais. "Muita gente larga cachorros e gatos aqui no verão. Temos o grupo Doguinhos do Farol, mas é difícil dar conta de todos", explica Cris.
A família, com ajuda de moradores e voluntários, busca soluções, incluindo castrações em parceria com a Prefeitura. "Precisamos de mais suporte, porque o abandono é constante", lamenta.
A única guarita de guarda-vidas da praia funciona de quinta a domingo, além de feriados, garantindo a segurança dos poucos banhistas. O sargento Vinícios Arones, de 35 anos, trabalha no local há 11 anos. "Escolhi a Solidão pelo ambiente tranquilo e familiar. Minha família desceu comigo no primeiro ano, gostou e, desde então, venho todos os anos. O povo aqui é muito acolhedor", conclui.
Mín. 22° Máx. 36°