Pai e filho são investigados pela Polícia Civil por suspeita de aplicar golpes envolvendo a comercialização de "chás milagrosos" e serviços espirituais na promessa de curar doenças em Encruzilhada do Sul e região do Vale do Rio Pardo. A dupla foi presa em flagrante, na última quinta-feira (6), por posse irregular de arma de fogo.
Os homens, de 54 e aproximadamente 30 anos, foram detidos após os agentes encontrarem uma arma calibre .12 enterrada no pátio de uma propriedade privada utilizada por eles como acampamento nômade. Ambos foram recolhidos à Penitenciária Regional de Santa Cruz do Sul.
De acordo com a delegada Fernanda Amorim, titular da Delegacia de Polícia (DP) de Encruzilhada do Sul, o homem mais velho seria o chefe da organização criminosa. Ele e a família vivem como nômades, oferecendo tratamentos alternativos, com base em rituais, prometendo quebrar maldições que, segundo eles, seriam responsáveis por causar doenças.
Conforme a investigação, as principais vítimas do golpe seriam pessoas idosas e de baixa renda. Em uma das ocorrências, um casal de Rio Pardo chegou a ter um prejuízo de R$ 20 mil.
Durante depoimento à polícia, pai e filho confirmaram a venda dos chás e garantiram a eficácia dos serviços. Além disso, o homem apontado como líder da facção mencionou que teria ligação com outro membro que mora em Brasília. A polícia afirmou que já está em busca dessa pessoa.
Além da arma irregular, os agentes também apreenderam cinco celulares, folhetos que eram entregues para promover o serviço e 15 caixas com comprimidos de medicamentos psicotrópicos (que atuam no sistema nervoso central), frascos com substâncias não identificadas e uma quantidade de corante vermelho. De acordo com a polícia, o produto era usado para produzir sangue artificial.
Todo o material apreendido passará por perícia. A principal linha de investigação aponta que os remédios encontrados no local eram utilizados para drogar as vítimas e ter acesso mais fácil os dados bancários e deixar o cliente ainda mais vulnerável. Conforme a polícia, os medicamentos eram diluídos em água.
Os relatos das vítimas dão conta que os golpistas pediam um copo d´água e depois mandavam o cliente fechar os olhos. Na sequência, a polícia acredita que o corante era usado para aplicar na água como se fosse uma representação do sangue da pessoa, que estaria contaminado.
As investigações também apontam que os membros do grupo receitavam os chás, com base em cascas de árvores, cobrando valores que variam de R$ 4 mil a R$ 30 mil. Depois que o valor era depositado, os golpistas não retornavam. Testemunhas ouvidas pela polícia alegaram ter preparado a substância, mas depois notavam que não surtia efeito algum.
Outras seis pessoas já foram identificadas e o inquérito segue em andamento. A investigação não sabe quantos integrantes compõem a organização. Por enquanto, apenas pai e filho devem responder pelos crimes de charlatanismo, estelionato e constrangimento ilegal. Os nomes dos investigados foram preservados em virtude da Lei do Abuso de Autoridade.
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