Um caso estarrecedor de violência veio a público nesta quinta-feira (27), quando a Polícia Civil prendeu um homem de 42 anos responsável por torturar e manter sob cárcere privado um trabalhador de 49 anos, em Canoas. A batizada Operação Supplicium culminou na prisão do dono de uma sucata que, por suspeita de que estivesse sendo roubado, acorrentou e manteve em cativeiro, durante quase dez horas, um funcionário.
Segundo a Polícia, a vítima acabou surpreendida pelo empregador ao chegar para trabalhar no último sábado (22). Foi acorrentada e submetida a uma sucessão de atos de crueldade na presença da namorada e da mãe do agressor.
Queimadura com maçarico, choques elétricos e despejo de água fervente estão entre os atos de violência praticados pelo suspeito, conforme detalha o delegado Marco Guns. “Ele [o suspeito] pensava que estava sendo roubado, mas nada justifica tamanha raiva contra outro ser humano”, comenta o titular da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas.
A crueldade avançou de modo escalonado. Uma furadeira elétrica foi empregada contra os joelhos da vítima, que, em determinado momento, foi obrigada pelo agressor a decepar parte do próprio dedo com um alicate de cortar corrente.
Ele conseguiu fugir do cárcere, onde os policiais encontraram os objetos usados contra o trabalhador. “No imóvel, foram encontrados os instrumentos empregados no crime, além de uma arma de fogo, tipo garrucha, usada para ameaçar a vítima.”
Na tarde desta quinta-feira, técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) estiveram no endereço e analisaram as ferramentas que, preliminarmente, foram identificadas, por meio dos vestígios de sangue, como usadas para ferir gravemente a vítima. “Vamos aguardar o resultado da perícia, mas tudo indica que seja mesmo o instrumento usado pela vítima para cortar o próprio dedo.”
A reportagem esteve na área onde o crime teria sido cometido. O endereço na área central permanece fechado desde o final de semana. Moradores das proximidades afirmam terem presenciado o momento em que a vítima escapou do cativeiro.
“Saiu dali correndo todo ensanguentado”, disse uma comerciante que, por medo, preferiu não ser identificada. “Mais tarde, eu só vi a Polícia ali na volta e não soube de mais nada. Não sabia nem que aquele senhor estava vivo ainda.”
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