Dona de clínica onde paciente morreu aprendeu a aplicar fenol em curso online: 'Nunca quis prejudicar ninguém'

A influenciadora Natalia Becker, 29, dona da clínica e autora do procedimento que causou a morte do empresário Henrique da Silva Chagas, de 27 anos, aprendeu a aplicar o peeling de fenol em um curso online, afirmou a advogada da esteticista após depoimento à polícia civil, na tarde desta quarta-feira.

— Ela fez um curso livre, e era um procedimento simples. Ela fez um curso online (para aplicar fenol) de uma farmacêutica do Paraná, em agosto de 2023 — disse Tatiane Forte, advogada da Natalia, aos jornalistas.

Segundo especialistas, o procedimento é considerado complexo e tem um pós-operatório delicado. Se os protocolos na preparação, durante ou pós-tratamento não forem corretamente seguidos, o risco de infecção por vírus, bactérias e fungos é alto. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) defende que procedimentos invasivos como este devem ser feitos por médicos e informou que Natália não tinha registro médico. Segundo Tatiana, o procedimento teria custado R$ 4.500.

Após o depoimento desta quarta, a polícia decidiu indiciar Natália por homicídio com dolo eventual (quando não se tem a intenção, mas se assume o risco de matar). Segundo o delegado Eduardo Luis Ferreira, responsável pelo caso, a aplicação do fenol seria um 'ato médico':

— A lei estabelece que isso (o procedimento) seria um ato médico (e a Natalia não tem formação médica). Ela disse que comprou esse fenol livremente, na internet — afirmou o delegado. — Ela se mostrou muito arrependida. Disse que fazia de dois a três atendimentos por semana — contou.

Natália também falou à imprensa na saída da delegacia. Apesar de ter levado dois dias para se apresentar às autoridades, a influenciadora negou que estivesse foragida:

— Eu não estava foragida. Os últimos dias estavam sendo muito difíceis para mim. Eu estou muito triste pelo que ocorreu. Nunca quis prejudicar ninguém. Isso acabou com a minha vida e jamais tive a intenção de prejudicar ele (a vítima) — ela disse.

A advogada de Natália também justificou a demora da cliente para depor:

— Ela passou muito mal, ela tem 29 anos e viu uma pessoa morrer na clínica dela. Ela teve crise de ansiedade. O depoimento estava marcado para amanhã, 11h, e viemos antes — disse.

Henrique morreu na segunda-feira, após se submeter a um procedimento estético na clínica de Natália, no bairro do bairro Campo Belo, em São Paulo. Ele teria reclamado de dor logo após o final do procedimento e desmaiado. A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamada ao local, mas o paciente não resistiu e morreu em seguida.