Quarta, 18 de Junho de 2025
17°

Tempestades

Porto Alegre, RS

Geral agro

Produtores rurais do RS pressionam governo por prorrogação de dívidas e anunciam possível paralisação

Produtores do RS pressionam governo por prorrogação de dívidas e ameaçam paralisação após frustrações com o Conselho Monetário Nacional.

29/05/2025 às 17h41
Por: Lucas
Compartilhe:
Produtores rurais do RS pressionam governo por prorrogação de dívidas e anunciam possível paralisação

Produtores rurais do Rio Grande do Sul intensificaram, nas últimas semanas, uma série de protestos para reivindicar a prorrogação dos prazos de pagamento de suas dívidas com a União. A mobilização ganhou força após a frustração gerada pela ausência de uma decisão por parte do Conselho Monetário Nacional (CMN), que era esperada na última reunião, ocorrida em 22 de maio. Diante da falta de resposta, representantes do setor prometem uma nova paralisação para a próxima sexta-feira, 30 de maio, com atos planejados em diversas regiões do estado.

Continua após a publicidade

Nas manifestações, agricultores têm estacionado tratores ao longo das rodovias e exibido faixas com os dizeres “Securitização Já!”, exigindo soluções emergenciais para a crise financeira que atinge o setor agrícola, agravada por repetidos eventos climáticos extremos nos últimos anos.

Continua após a publicidade

Clima adverso e impacto econômico

O Rio Grande do Sul enfrentou, nos últimos seis anos, quatro estiagens severas e uma enchente, fatores que, segundo os produtores, comprometeram profundamente o ciclo de produção. Os prejuízos acumulados giram em torno de R$ 150 bilhões, de acordo com o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS). As perdas consecutivas afetaram a capacidade de pagamento dos financiamentos contratados, além de bloquear o acesso a novas linhas de crédito, como o Plano Safra.

Continua após a publicidade

Sem condições de quitar os compromissos em dia, milhares de trabalhadores rurais afirmam estar impedidos de manter suas atividades e planejar a próxima safra. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o produtor Carlos Seeger expressou sua frustração com a ausência de medidas concretas do governo federal. “Pelo jeito, não está tocando o coração dos nossos governantes. Acho que vão ter que começar a trancar [as rodovias]”, declarou.

Mobilizações e demandas do setor

No dia 20 de maio, entidades como a Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) e a Fetag-RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul) organizaram protestos em vários municípios.

Os atos contaram com a participação de pequenos, médios e grandes produtores, que reivindicam medidas estruturais e emergenciais, incluindo a prorrogação das dívidas, o fortalecimento do Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) e mais apoio frente às perdas causadas por intempéries.

A Fetag-RS divulgou nota cobrando respostas urgentes do governo federal. O documento aponta que os trabalhadores não estão pedindo perdão das dívidas, mas sim tempo para quitá-las com os frutos de sua produção, duramente impactada pelas adversidades climáticas.

As negociações entre representantes do setor agrícola e o governo federal já duram cerca de dois meses. O deputado federal Heitor Schuch (PSB-RS) afirmou que houve avanços parciais, como a reavaliação do Proagro, que vinha excluindo mais de 34 mil produtores afetados por estiagens sucessivas. Ainda assim, a prorrogação formal dos prazos de pagamento continua pendente.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou à imprensa que o texto da resolução está pronto e que aguarda apenas a finalização por parte da equipe da ministra do Planejamento, Simone Tebet. A expectativa é que a decisão seja levada à próxima reunião do CMN. “Entramos na fase de discutirmos medidas estruturais”, afirmou o ministro, indicando que a solução poderá incluir ações de médio e longo prazo.

Securitização como solução defendida pelos produtores

Para muitos trabalhadores do campo, a securitização representa uma alternativa viável à inadimplência e ao colapso financeiro. A produtora rural Luciane Agazzi, por exemplo, destacou em vídeo publicado no início de maio que os produtores não querem anistia, mas sim tempo para pagar. “Nós queremos pagar com nosso próprio trabalho. Não temos produto para vender. E, sem isso, não há como pagar as dívidas”, disse.

A proposta encontra eco entre diversos grupos, que têm se mobilizado nas redes sociais e nas estradas para chamar atenção à causa. Um dos vídeos mais compartilhados no portal de informação que cobre o setor agropecuário mostra uma faixa estendida com a frase “Agricultura pede socorro”, simbolizando a urgência da situação enfrentada por milhares de famílias no campo.

Pressões sobre o orçamento

Outro fator que pode influenciar nas negociações é o congelamento de R$ 31 bilhões do orçamento de 2025, o que pode limitar a capacidade dos ministérios de atender às demandas do setor. Segundo Heinze, esse bloqueio orçamentário representa um obstáculo à formulação de uma solução mais ampla. “Sem colheita e com custos elevados, é impossível para muitos produtores honrarem seus compromissos”, afirmou o senador, que tem conduzido articulações junto aos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e o próprio Fávaro.

Durante esse processo, o projeto de securitização das dívidas foi apresentado por Heinze no Senado. A proposta visa transformar os débitos dos produtores, afetados por eventos climáticos desde 2021, em títulos com garantia do Tesouro Nacional. Esses títulos poderiam ser negociados no mercado financeiro, com condições especiais de pagamento, proporcionando fôlego ao setor.

Expectativas para a decisão do CMN

A expectativa agora recai sobre a próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, onde pode ser votada a resolução que formaliza a prorrogação das dívidas. Caso a decisão não avance, representantes do setor indicam que a paralisação prevista para 30 de maio poderá ganhar ainda mais adesão.

Enquanto isso, as lideranças seguem cobrando uma resposta clara do governo federal. “Aqui não tem divisão. O pessoal está todo unido”, enfatizou Heinze. A união entre pequenos, médios e grandes produtores é um reflexo da gravidade da crise e da necessidade de soluções rápidas e eficazes.

Com o tempo se esgotando para o planejamento da próxima safra, o impasse sobre a renegociação das dívidas se tornou um dos principais desafios para a política agrícola do país em 2025.

Porto Alegre, RS Atualizado às 04h06 - Fonte: ClimaTempo
17°
Tempestades

Mín. 16° Máx. 20°

Qui 17°C 15°C
Sex 17°C 16°C
Sáb 18°C 14°C
Dom 21°C 13°C
Seg 16°C 6°C
Horóscopo
Áries
Touro
Gêmeos
Câncer
Leão
Virgem
Libra
Escorpião
Sagitário
Capricórnio
Aquário
Peixes