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Agricultores gaúchos intensificam protestos por prorrogação de dívidas e ameaçam paralisação

Produtores rurais do RS pressionam governo por prorrogação de dívidas após perdas climáticas; protesto com paralisação está marcado para 30 de maio.

29/05/2025 às 17h40
Por: Lucas
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Agricultores gaúchos intensificam protestos por prorrogação de dívidas e ameaçam paralisação

Nas últimas semanas, agricultores do Rio Grande do Sul têm ampliado os protestos em busca da renegociação de dívidas com a União. As manifestações ocorrem em diferentes municípios do estado, com a exposição de máquinas agrícolas em rodovias e faixas com a frase “Securitização Já!”. O movimento ganhou força após a frustração dos produtores com a falta de decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a prorrogação do prazo para pagamento dos financiamentos rurais.

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Com a aproximação do fim de maio, os organizadores anunciam a intensificação dos atos. Um protesto está marcado para a próxima sexta-feira (30 de maio), com expectativa de paralisação das atividades no campo caso o governo federal não apresente medidas concretas.

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Estiagens e enchentes comprometem a produção

Os produtores alegam que a dificuldade em quitar os débitos decorre de condições climáticas severas enfrentadas pelo estado nos últimos anos. Foram quatro estiagens e uma enchente de grandes proporções, que afetaram diretamente o rendimento das lavouras.

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Sem capacidade de pagamento, os agricultores ficam impedidos de acessar novas linhas de crédito, como as do Plano Safra, o que compromete ainda mais a continuidade da produção. A situação é vista como emergencial pelas entidades representativas do setor.

Carlos Seeger, produtor rural e uma das vozes do movimento, afirmou em vídeo publicado no último sábado (24) que as manifestações seguem de forma pacífica, mas sem retorno por parte das autoridades. “Pelo jeito, não está tocando o coração dos nossos governantes. Acho que vai ter que ser um pouquinho mais radical”, declarou.

Frustração com o Conselho Monetário Nacional

A principal insatisfação dos trabalhadores rurais está na ausência de uma resolução do CMN sobre a prorrogação das dívidas. O colegiado, composto pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Gabriel Galípolo (presidente do Banco Central), não apresentou deliberação na reunião de 22 de maio.

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) criticou o impasse e destacou que a inércia do governo federal aumenta o desespero no campo. Segundo ele, a demora pode impactar negativamente o acesso dos produtores ao próximo ciclo do Plano Safra.

Apesar da ausência de uma medida concreta, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou à imprensa que o texto da resolução para a prorrogação já está pronto. Segundo ele, a equipe da ministra Simone Tebet trabalha nos detalhes técnicos. “Já entramos na fase de discutir medidas estruturais”, disse Fávaro ao jornal Globo Rural.

Enquanto o governo analisa a situação, federações como a Farsul (Federação da Agricultura do Estado) e a Fetag-RS (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS) promovem atos públicos. No último dia 20, ambas realizaram mobilizações para cobrar a securitização das dívidas e políticas emergenciais diante das perdas acumuladas.

Avanço das negociações no Congresso

Paralelamente às movimentações nas ruas, representantes do setor também atuam no Congresso. O deputado federal Heitor Schuch (PSB-RS) relatou que há dois meses produtores rurais e parlamentares buscam acordos com os ministérios do governo Lula.

Segundo Schuch, mudanças no Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) foram discutidas recentemente no Banco Central, visando corrigir falhas que vinham excluindo milhares de agricultores. O parlamentar também defende soluções para os débitos vinculados ao Pronaf e ao Pronamp.

O senador Heinze afirmou ainda que a restrição orçamentária para 2025 — com o congelamento de R$ 31 bilhões — pode representar um entrave adicional às negociações, uma vez que afeta a margem de manobra dos ministérios.

Cobertura e impacto nos meios de comunicação

O tema tem ganhado espaço em veículos de imprensa tradicionais e também em site de notícias populares, que acompanham a situação no campo e amplificam a voz dos produtores. A repercussão nas redes sociais também contribui para ampliar a visibilidade do movimento, enquanto cresce a expectativa por uma resposta oficial do CMN antes da paralisação anunciada.

Com a proximidade do protesto marcado para 30 de maio, cresce a tensão entre os agricultores e o governo. Sem medidas concretas, o setor rural do Rio Grande do Sul ameaça endurecer os atos, enquanto busca manter a mobilização dentro dos limites legais e pacíficos. A demanda por securitização, prorrogação de prazos e medidas estruturantes segue no centro da pauta das lideranças do campo.

Projeto de securitização tramita no Senado

Como alternativa de longo prazo, Heinze propôs um projeto de lei que prevê a securitização das dívidas dos produtores afetados por eventos climáticos desde 2021. O texto já foi aprovado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, mas ainda aguarda relatoria na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

A proposta visa transformar os débitos em títulos garantidos pelo Tesouro Nacional, permitindo condições diferenciadas de pagamento e comercialização no mercado. O senador reforça que a solução deve abranger produtores de todos os portes. “O Estado inteiro está com grandes perdas. Aqui não tem divisão entre pequeno, médio e grande. Estão todos unidos”, afirmou.

Vozes do campo pedem tempo para pagar

A mobilização tem como pano de fundo a demanda por prazos maiores para quitação de dívidas, sem isenções ou perdão. Em vídeo publicado no início de maio, a produtora rural Luciane Agazzi resumiu o sentimento de muitos trabalhadores do campo:

“Nós queremos pagar com nosso próprio trabalho. Não queremos nada dado, só tempo para honrar os financiamentos que fizemos para produzir comida”, disse.

Em meio à pressão crescente, diversas imagens compartilhadas nas redes sociais mostram faixas com frases como “Agricultura pede socorro”, refletindo o apelo dos agricultores à sensibilidade do governo.

Porto Alegre, RS Atualizado às 01h06 - Fonte: ClimaTempo
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