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Brasil avalia rotas estratégicas para importação de gás argentino, com destaque para o Rio Grande do Sul

Ministro destaca o papel do RS na importação de gás da Argentina e aponta necessidade de investimentos em infraestrutura energética regional.

29/05/2025 às 17h34
Por: Lucas
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Brasil avalia rotas estratégicas para importação de gás argentino, com destaque para o Rio Grande do Sul

Durante o seminário de integração gasífera regional, realizado nesta quinta-feira (22), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), destacou o papel estratégico do Rio Grande do Sul na entrada do gás natural argentino no Brasil. O evento reuniu autoridades e representantes do setor energético da América do Sul e reforçou a necessidade de investimentos em infraestrutura para viabilizar a importação em larga escala do gás produzido em Vaca Muerta, na Patagônia argentina.

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“O potencial de fornecimento de Vaca Muerta é infinito, e temos uma indústria pujante do lado brasileiro, sedenta por gás natural a preço competitivo”, declarou Silveira. O ministro afirmou que o estado gaúcho é a “principal porta de entrada” para o gás natural da Argentina, enfatizando o corredor logístico entre Uruguaiana e Porto Alegre como peça-chave para o escoamento do insumo.

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A declaração teve também um tom político, já que Silveira e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, agora dividem o mesmo partido: o PSD. Leite, que deixou o PSDB após mais de duas décadas, participou do evento e foi citado como parceiro estratégico na agenda de integração energética.

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Gasoduto inacabado em Uruguaiana é foco de atenção

O principal entrave para a ampliação da entrada de gás argentino no Brasil é a infraestrutura ainda incompleta. A Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB) possui hoje, em Uruguaiana (RS), a única conexão direta com a Argentina. No entanto, essa conexão distribui gás apenas na região da fronteira, abastecendo a UTE Uruguaiana, operada pela Âmbar Energia.

O trecho pendente do projeto – o gasoduto entre Uruguaiana e Triunfo – tem aproximadamente 600 km e está longe de ser realidade. Orçado em R$ 6,8 bilhões, o empreendimento depende da assinatura de contratos de longo prazo que garantam o retorno do investimento. Sem esses contratos, as obras continuam indefinidamente suspensas.

Além disso, um projeto adicional, proposto pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para uma rota alternativa entre Siderópolis e Porto Alegre, adicionaria mais R$ 2,2 bilhões em custos ao plano de integração energética da região Sul.

Competição entre rotas e opções logísticas

O debate sobre a melhor forma de trazer o gás argentino ao mercado brasileiro envolve diferentes rotas. Em 2024, os governos do Brasil e da Argentina criaram um grupo de trabalho para estudar as alternativas de interligação dos sistemas de gasodutos dos dois países. As opções em análise incluem:

  • Utilização do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), aproveitando infraestrutura existente;

  • Interligação via Uruguaiana, com complementação do gasoduto até Porto Alegre;

  • Rota pelo Chaco Paraguaio;

  • Alternativa pelo Uruguai até o RS;

  • Importação de gás natural liquefeito (GNL) por meio de navios.

Embora a rota pelo Gasbol seja a única viável no curto prazo, especialistas alertam que, para garantir segurança energética a médio e longo prazo, será necessário investir em novas infraestruturas.

É nesse contexto que surge o interesse pelo site de novidades do setor energético, que acompanha de perto os desdobramentos sobre projetos de integração gasífera e investimentos em infraestrutura transnacional.

Rota pelo Paraguai desperta interesse, mas enfrenta ceticismo

Entre as alternativas mais debatidas, a proposta de construir um gasoduto atravessando o Paraguai – conhecido como Gasoducto Bioceánico – é a mais ambiciosa. O projeto prevê mais de mil quilômetros de dutos conectando Argentina, Paraguai e Brasil. No lado brasileiro, o trecho previsto, entre Porto Murtinho e Campo Grande (MS), teria cerca de 392 km, atravessando 11 municípios. A estimativa da EPE é que essa parte da obra custe R$ 6,12 bilhões.

Apesar da magnitude, o vice-ministro de Minas e Energia do Paraguai, Mauricio Bejarano, demonstrou otimismo quanto à viabilidade da proposta. Segundo ele, as condições de instalação no Chaco Paraguaio são favoráveis, e o projeto permitiria a integração plena do país ao mercado energético da América do Sul.

“O Paraguai está pronto para avançar com o projeto. Queremos atrair investimentos e ser parte ativa da transição energética da região”, afirmou Bejarano.

Entretanto, analistas brasileiros demonstram cautela. Por se tratar da alternativa que exige maior volume de infraestrutura nova, há dúvidas quanto à viabilidade financeira e aos prazos de execução.

Fatores além do custo influenciarão decisão

Embora os custos diretos de cada rota sejam um dos principais critérios na tomada de decisão, outras variáveis também terão peso. O Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte (PIG), da EPE, destaca aspectos como:

  • Prazos de execução das obras;

  • Estabilidade diplomática entre os países envolvidos;

  • Atratividade para investidores;

  • Segurança do suprimento energético;

  • Necessidade de melhorias em estruturas adjacentes.

“O alinhamento desses diversos fatores, juntamente com o custo, são fundamentais para a tomada de decisão final de investimento para a integração gasífera regional”, afirma o plano.

Caminho promissor, mas ainda incerto

O Rio Grande do Sul, com sua posição geográfica privilegiada e infraestrutura parcialmente existente, figura como favorito para se consolidar como porta de entrada do gás argentino. No entanto, sem investimentos concretos e compromissos firmes entre os países e agentes econômicos, o futuro da integração energética ainda é incerto.

Enquanto isso, o debate continua ativo em seminários, grupos de trabalho e análises técnicas. A demanda por gás competitivo por parte da indústria brasileira pressiona por soluções rápidas e eficazes – e o tempo para decidir sobre a melhor rota começa a se esgotar.

Porto Alegre, RS Atualizado às 04h06 - Fonte: ClimaTempo
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