A investigação do caso do acidente do ônibus da UFSM, em Imigrante, no Vale do Taquari, que deixou sete mortos e 26 feridos, é de responsabilidade da Polícia Civil de Teutônia. O delegado José Romaci Reis apontou que são mais de 300 páginas de documentos analisados, além dos depoimentos. A estimativa é de que 13 últimos depoimentos sejam coletados até a metade desta tarde. No entanto, caso necessário, a polícia pode chamar mais pessoas a depor para colaborar com a investigação.
– Continuamos as oitivas para entender o que aconteceu efetivamente a respeito da manutenção do ônibus, da condução do ônibus, dos check-lists que deveriam ser feitos na entrega do ônibus pelos motoristas, das responsabilidades de cada um. A gente vai ter que descobrir tudo isso. As vítimas relatam o que sentiam no momento do acidente, entre outras coisas – explica o delegado.
O delegado apontou novamente o que já foi adiantado por ele em entrevista ao programa Bom Dia, Cidade! na Rádio CDN (93.5 FM) de quarta-feira (23), sobre o laudo apresentado pela universidade na última semana, de que teriam informações sem tanta profundidade.
– Esse laudo que foi apresentado publicamente é sistemático, feito a cada seis meses pela universidade e produzido por uma máquina. Se coloca o ônibus em uma máquina e vão rodando. Se ele estiver funcionando até 50% é aprovado laudo. E tem alguns itens aprovados com menos de 50%. Não se analisa a profundidade do desgaste das peças do ônibus, eles só analisam se está funcionando ou não.
Motoristas terceirizados
Após as primeiras oitivas, na manhã desta quinta-feira (24), o delegado Reis indicou que dois dos três motoristas de uma empresa terceirizada, que dirigem os ônibus da UFSM, não compareceram para prestar depoimento.
– Dois dos motoristas chamados para depor se negaram a comparecer para depoimento. Como eles foram chamados para testemunhar, não faz sentido eles se negarem a falar sobre os fatos – aponta Reis.
Histórico do veículo
Um dos ouvidos nesta quinta foi um representante de uma empresa com sede em Santa Maria, que já fez serviços de manutenção em 2023 no ônibus envolvido no acidente. Marcos Duara explicou que foram apresentados esclarecimentos e notas fiscais, bem como vídeos, para colaborar com a investigação:
– A empresa já fez manutenção em outros ônibus, mas no caso, apresentamos documentações referente ao ônibus envolvido no acidente. Prestamos esclarecimentos pertinente e apresentamos notas fiscais e vídeos.
Até aqui
Além dos depoimentos, a polícia analisa documentos referentes a contratos das empresas firmados com a instituição. Segundo ele, são mais de 300 páginas de documentação para investigação. A perícia técnica do local já foi concluída, como afirma Reis. Já a perícia técnica no ônibus pode ser concluída na próxima semana.
Em 9 de abril, o delegado e sua equipe estiveram em Santa Maria e ouviram 17 pessoas, entre o motorista que dirigia o ônibus no momento do acidente, sobreviventes e profissionais da universidade. Na ocasião, em alguns depoimentos, testemunhas relataram que nem todos os passageiros utilizavam o cinto de segurança e em que alguns assentos o equipamento não existia.
O acidente
O ônibus com estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) caiu em uma ribanceira perto do trevo de acesso ao município de Imigrante, na região do Vale do Taquari, na tarde de sexta-feira (4), e deixou sete mortos e 26 feridos. A UFSM divulgou em 5 de abril a lista das vítimas fatais. Todas elas eram calouras do curso de Paisagismo do Colégio Politécnico da instituição.
No total, 33 pessoas – estudantes, professoras e o motorista – estavam em uma excursão que faria visita técnica ao Cactário Horst (espaço dedicado ao cultivo de cactos e suculentas), em Imigrante, quando o acidente aconteceu. Uma das teorias da causa do acidente seria falha nos freios. O ônibus pertencia à UFSM, mas o motorista era terceirizado.
As despedidas das vítimas fatais Dilvani Hoch, Fátima Eliane Riquel Copatti, Flavia Marcuzzo Dotto, Janaina Finkler, Marisete Maurer, Paulo Victor Estefanói Antunes e Elizeth Fauth Vargas foram realizadas em Santa Maria, São Pedro do Sul, Vale Vêneto (distrito de São João do Polêsine), Estância Velha, Passo Fundo e São Martinho da Serra.
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