Em entrevista ao Diário, a enfermeira e superintendente da Vigilância em Saúde, Cecília Pedro, falou sobre a situação e as medidas tomadas. O caso chegou ao conhecimento do setor na noite de domingo (13), após moradores do local buscarem atendimento em uma instituição de saúde particular:
– Eles (os moradores) tinham conhecimento de que morcegos são animais que podem carregar o vírus da raiva. Então, procuraram o serviço de atendimento e receberam informações. Em tese, não se tem conduta médica. Para mordida de cachorro ou gato, há um protocolo. No caso de morcegos, quando a pessoa tem contato, a primeira coisa a fazer é a profilaxia, que envolve o soro e a vacina antirrábicas. A vacina pode ser feita a qualquer momento após o contato. Já para o soro, temos um tempo menor. Então, a equipe médica do local me ligou para saber de que forma deveria conduzir o caso.
Ainda segundo Cecília, as próximas etapas do atendimento aos moradores devem ser realizadas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
– Orientamos que os usuários fossem até a Unidade Básica de Saúde José Erasmo Crossetti ontem (segunda), porque ela é a nossa unidade de referência para profilaxia antirrábica, e eles compareceram. Foi feita a notificação e estamos aguardando receber o soro antirrábico para aplicação, que deve chegar até amanhã (quarta-feira).O que nos tranquiliza é que o vírus da raiva é muito sensível ao cloro e o nível que encontramos na água estava bem satisfatório. Mesmo assim, sempre fazemos a profilaxia, porque não tem como saber se o morcego estava contaminado ou não – afirma.
Inspeção
Após tomar conhecimento sobre a situação, uma equipe da Vigilância em Saúde composta por engenheiro, fiscal e médica veterinária foi enviada até o prédio para fazer uma inspeção.
– Na manhã de ontem (segunda), a equipe da Vigiágua e Zoonoses estiveram no condomínio e foram bem recebidos. No local, eles fizeram coleta de água para análise. Foi verificada a questão do cloro. Na caixa d’água, não tinha nada. Mas acreditamos que, provavelmente, ele (o morcego) estava ali antes de chegar na tubulação de água de um dos apartamentos. Orientamos também sobre a limpeza e desinfecção química de todos os reservatórios e tubulações de todos os blocos do edifício. Então, toda a questão da inspeção sanitária foi feita – afirmou a superintendente.
O prédio foi notificado e deverá adotar providências para garantir a vedação de entradas nas áreas dos reservatórios. O cumprimento dessa e outras medidas solicitadas é acompanhado pela equipe da Vigiágua e Zoonoses.
Análise
Para saber se o morcego está ou não infectado com o vírus da raiva, a Vigilância em Saúde envia a espécie capturada para um laboratório da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Entretanto, Cecília alerta sobre as condições necessárias para esse trabalho:
– Sempre enviamos o animal para um laboratório da UFSM que faz isso (a análise). Só que para isso, o morcego precisa estar inteiro. Quando não está, não conseguimos. Neste caso, o corpo do morcego já estava se deteriorando e não há como fazer a análise.
De acordo com o superintendente, não há informações sobre quanto tempo o animal permaneceu dentro da caixa d’água ou estimativa de quantas pessoas entraram em contato com essa água.
– O condomínio recebeu uma notificação e agora, estamos organizando uma segunda visita para vermos os demais moradores. Temos o relato daqueles que visualizaram os restos. Mas a caixa d’água é a mesma, teremos que conversar com os demais moradores para orientar sobre a profilaxia – comenta.
Casos e orientações
Nos últimos anos, a Vigilância em Saúde tem recebido diversas notificações de casos envolvendo o contato com morcegos.
– Como Santa Maria é uma cidade que tem bastante morcego, principalmente no verão, recebemos com frequência relatos de casos. Às vezes, é um morcego que entra dentro de casa e sobrevoa ou que entrou na chaminé da lareira, churrasqueira. É frequente isso. Então, seguimos esse protocolo nacional de profilaxia e fazemos o controle – diz Cecília.
Questionada sobre a retirada de morcegos dos locais denunciados, a superintendente comentou sobre a postura da Vigilância nesses casos:
– Existem empresas em Santa Maria que são especialistas na remoção desses animais e a Vigilância em Saúde orienta de que forma deve ser feito e a quem contatar. Mas a Vigilância não faz (a retirada). Ela apenas inspeciona e indica quais empresas podem fazer isso, porque os morcegos devem ser removidos do local. O próprio condomínio deve (contatar a empresa), assim como higienizar e fazer a desinfecção da caixa d’água conforme orientado.
Caso uma pessoa seja mordida ou entre em contato com um morcego, ela deverá buscar atendimento médico.
– O setor de referência para fazer a profilaxia antirrábica, independente de ser contato com morcego, gato ou cachorro, é a UBS José Erasmo Crossetti. Ali, vai ser orientado sobre a mordida e curativo. A pessoa será avaliada pela equipe de vacinação e seguirá o protocolo antirrábico, que pode envolver soro e vacina ou somente a vacina. A equipe orienta o usuário sobre isso – conclui.
A UBS José Erasmo Crossetti funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 11h30min e das 13h às 16h30min. O prédio está localizado na Rua Floriano Peixoto, 1752, Centro. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (55) 3174-1593, opção 2.
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