Se alguém me perguntasse hoje o que eu mais desejo na vida, minha resposta seria simples: paz. Mas não qualquer paz. Não aquela que vem do silêncio forçado ou da ausência de problemas. Quero aquela paz que nasce dentro da gente, quando vivemos de verdade, quando fazemos tudo com o coração e sentimos que estamos no caminho certo.
Vivemos em um mundo que nos empurra para correr, produzir e acumular. Somos constantemente bombardeados pela ideia de que precisamos ter mais para sermos felizes. Mas será que isso é verdade? Será que a felicidade mora na quantidade de coisas que possuímos ou nas conexões sinceras que cultivamos ao longo da vida?
Eu, sinceramente, não preciso de muito. Não preciso de grandes fortunas, de reconhecimento ou de bens materiais que brilham mas não aquecem. O que eu quero são momentos sinceros. Quero conversas que me façam sentir que estou vivo, abraços que carregam mais do que gestos automáticos, olhares que dizem tudo sem precisar de palavras. Quero a certeza de que estou cercado por pessoas que realmente valem a pena.
O que é material vai e vem. Hoje você pode ter tudo e, num piscar de olhos, pode não ter mais nada. Mas o que você deixa nas pessoas, isso fica. Fica nas palavras que escolhemos usar, nos gestos de carinho, na forma como tratamos aqueles que cruzam o nosso caminho. O tempo pode levar quase tudo, mas jamais poderá apagar as marcas que deixamos na alma de alguém.
Vivemos tão distraídos, tão focados no que precisamos conquistar, que esquecemos o que realmente importa. Perdemos tempo demais tentando impressionar quem nem olha para nós e tempo de menos com quem realmente se importa. Corremos atrás de dinheiro, status, fama, como se essas coisas fossem nos dar a paz que tanto buscamos. Mas, no fim do dia, o que nos acalma não são as cifras na conta bancária, e sim a tranquilidade de ter feito o bem, de ter vivido com propósito, de ter amado sem reservas.
Quando olhamos para trás, o que faz nossa vida valer a pena não são os títulos, as conquistas ou os bens materiais. São os momentos em que fomos verdadeiramente felizes. São os dias em que compartilhamos risadas, os instantes em que nos permitimos ser vulneráveis, os abraços apertados que sentimos na alma.
O que realmente importa não é o que temos, mas o que somos. E, principalmente, o que compartilhamos com o mundo. Porque, no fim, tudo o que construímos por fora desmorona. Mas o que construímos dentro de nós e dentro das pessoas que amamos, isso permanece para sempre.
Então, se tem algo que quero levar da vida, é essa paz. A paz de saber que fiz o que era certo, que fui verdadeiro comigo mesmo e com os outros. A paz de ter amado com intensidade, de ter feito diferença na vida de alguém, de ter sido lembrado não pelo que possuía, mas pelo que fui.
E você? Quando tudo se silenciar, o que vai restar?
Este texto foi escrito pelo jornalista André Luiz Santiago Eleutério.
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