Se você passou pela Rua Siqueira Campos, no centro de Porto Alegre, no último dia 21 de janeiro, talvez tenha se deparado com uma cena que é a verdadeira definição de “pragmatismo urbano”. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) fez questão de pintar o meio-fio, mesmo que por cima dos restos de uma árvore caída – o que só aumenta o charme do local. Afinal, quem precisa de um canteiro livre de entulho quando se tem a cor brilhante de uma pintura novinha?
A obra, que foi realizada em frente à Secretaria Estadual da Fazenda, não só deixa claro o amor pela estética do meio-fio recém-pintado, mas também chama a atenção para o belo toco da árvore que persiste no local, como uma espécie de monumento natural que resiste à urbanização. A borda da calçada danificada, esquecida no processo, só reforça o quanto estamos atentos aos detalhes.
A prefeitura, em seu esforço para justificar a atuação, afirmou que, apesar de tudo, o serviço foi realizado de acordo com os padrões estabelecidos. A equipe de pintura foi orientada a concluir o serviço de forma eficaz – sem se preocupar muito com o fato de que o lugar ainda está longe de ser um modelo de “cuidado urbano”. Quando o trabalho é realizado dessa forma, pode-se esperar que os reparos necessários, como o destocamento da árvore e a restauração do meio-fio, aconteçam... eventualmente. O destocamento está agendado para sábado e o conserto do meio-fio para a próxima semana, porque, claro, tudo tem seu tempo.
Afinal, quem precisa de calçadas impecáveis e árvores removidas de forma eficiente quando se pode ter a sensação de que, ao menos, o meio-fio está bonito?
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