Decorridos oito meses das históricas enchentes que atingiram Porto Alegre e devastaram parte da cidade, permanecem muitas marcas por ruas e calçadas, sendo algumas das mais proeminentes os veículos afetados pela sujeira ainda de maio de 2024. Abandonados à própria sorte, estes automóveis sofrem a contínua ação do tempo, reforçada pelo que os moradores classificam como uma falta de ação do poder público quanto ao seu destino final.
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Enquanto isso, eles são um verdadeiro incômodo em bairros como Arquipélago, Sarandi e Humaitá, na zona Norte da Capital, trazendo frustração aos habitantes destas áreas, causando risco de contaminação ambiental e proliferação de insetos e roedores. Não é difícil identificá-los, sendo possível vê-los às dezenas por vários locais, sujos, depenados e em estado deplorável. Na avenida A.J. Renner, bairro Humaitá, em frente ao Condomínio Residencial Irmã Dulce, há mais de uma dezena deles, dispostos na calçada.
O aposentado Júlio César Castro, morador da Vila Farrapos, próxima ao local, relatou estar incomodado com os veículos na via. “Eu acho até que a Prefeitura desistiu de recolher, porque não é possível uma situação dessas”, comentou. “Tem bastante deles pela cidade, e ainda que não estejam atrapalhando na rua, isso aqui deveria ser duplicado”. Já a vigilante Lisandra Macedo, moradora da mesma área, observou que muitos antigos moradores deixaram o local e podem tê-los abandonado.
“Muita gente saiu daqui depois das enchentes e foi morar em outro lugar. E aí os carros ficam assim, todos atirados. Com certeza é um gasto muito grande para remover”, disse ela. Em outros pontos do município, como na mesma A.J. Renner, junto ao Residencial Laçador, na Voluntários da Pátria, após a Dona Teodora no sentido à Arena do Grêmio, avenida 21 de Abril, ruas José Huberto Bronca e Professor Basil Sefton, bairro Sarandi, há também carros abandonados, com marcas das cheias, ou ambos.
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Procurada, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) disse que começou em janeiro a recolher os veículos em situação de sucata oriundos da enchente, iniciando o processo por aqueles em pior situação e que podem gerar risco à saúde. Eles estão sendo levados para o pátio do órgão, no bairro Anchieta. A coordenação de Inspeção Veicular abriu 109 processos relativos às cheias, dos quais 96 já foram concluídos.
Denúncias de veículos em situação de sucata ou abandono podem ser feitas através dos canais de atendimento ao cidadão 118 e 156, pelo app 156+POA ou através de formulário eletrônico disponível na Carta de Serviços da Prefeitura. “Para ser recolhido além de estar em situação de abandono por mais de 30 dias, estar em visível mau estado de conservação, com a carroceria apresentando evidentes sinais de colisão ou ferrugem, ou for objeto de vandalismo ou depreciação voluntária”, reforçou a EPTC.
Após o preenchimento do formulário, há uma vistoria ou monitoramento da situação, Lavratura do Termo de Constatação (TC) nos casos de confirmação da situação de abandono em veículos passíveis de identificação e notificação extrajudicial ao proprietário quanto à irregularidade e prazo de dez dias para a retirada do veículo. Após este prazo, ainda segundo a EPTC, o veículo estará apto a ser recolhido, e se não houver manifestação do proprietário em até 90 dias, ele poderá ser leiloado pelo município.
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