Na Escola Estadual Dr. Otávio Meira, localizada no município de Benevides, na Região Metropolitana de Belém (RMB), toda a comunidade escolar está envolvida em debates sobre sustentabilidade e clima. Referência em Educação Ambiental, a escola não fica apenas na teoria. Durante uma gincana ecológica realizada este ano, no âmbito do Projeto “OM Recicla”, já arrecadou 17.737 embalagens recicláveis.
Visando conscientizar estudantes, professores e toda a comunidade, o Projeto “OM Recicla” incentiva a consciência ambiental e sustentabilidade dentro e fora da escola. Segundo o professor de Geografia e Educação Ambiental Adriel Souza, “o Projeto OM Recicla se baseia fundamentalmente na assimilação dos preceitos da Lei de Educação Ambiental que o Estado inseriu em 2024, e no processo de conscientização da comunidade escolar, bem como da comunidade local. Desse modo, o projeto se desenvolve a partir da coleta de plásticos, vidros e papelão, encaminhados para o destino correto. Nesse processo, conseguimos algumas parcerias com a Prefeitura Municipal de Benevides, a ONG Espaço Urbano, de São Paulo (SP), e cooperativas de Benevides e Marituba, para onde se destinam essas embalagens”, informa Adriel Souza.
O docente explica que a iniciativa de fazer uma gincana ecológica na escola mobilizou os estudantes e intensificou a arrecadação de materiais recicláveis. “Já no segundo semestre nós implantamos um sistema de gamificação, em parceria com a ONG Espaço Urbano, onde a arrecadação visa uma meta, e essas metas trazem benefícios para a escola, como uma sala de jogos. Os alunos participantes ainda concorrem em um sorteio para ganhar um iPhone 15 ou um PlayStation 5. O processo de gamificação - que consiste na aplicação de mecanismos e dinâmicas dos jogos em outros âmbitos para motivar e ensinar os usuários de forma lúdica - intensificou a arrecadação, e nós já chegamos em 2024 ao patamar de mais de uma tonelada de plásticos arrecadados. A natureza está bem melhor agora. Na prática, a cada 40 embalagens plásticas amassadas e limpas, o aluno ganha um cupom para concorrer ao iPhone ou ao PlayStation 5. Essas garrafas, já amassadas e devidamente limpas e embaladas, são encaminhadas às cooperativas, para que de lá recebam a destinação correta”, acrescenta o professor.
Estímulo - Para a estudante do 2º ano do Ensino Médio Maria Ludmila Nascimento, o projeto de educação ambiental desperta novos olhares e conhecimentos sobre sustentabilidade, além de estimular a participação de alunos de todos os turnos. “Nós estamos envolvidos de várias formas, já que a escola dá um apoio muito grande envolvendo a gente em projetos que visam a consciência ambiental. Acho muito importante nós participarmos dessas iniciativas porque a gente acaba ajudando o meio ambiente de uma forma muito legal, e ainda tem a gamificação, que torna essa ajuda ao meio ambiente mais divertida e leve. Nosso lema é ‘pode avisar para geral, que no OM tem consciência ambiental’, e eu acho essa visão muito legal”, afirma Maria Ludmila.
Ainda de acordo com a estudante, o conhecimento teórico e prático adquirido sobre educação ambiental ultrapassa os muros da escola e, com certeza, faz a diferença no dia a dia. “Tudo que aprendemos com a educação ambiental não é algo que serve e fica apenas na escola. Por exemplo, separar os tipos de lixo, reciclar, são coisas que nos dão mais consciência ambiental, e isso vai fazer diferença para nós no futuro e para as próximas gerações, com certeza”, completou a estudante.
O projeto é fundamental para a formação dos estudantes em relação ao planeta e o cuidado com o meio ambiente já pensando no futuro, frisa o professor Adriel Souza. “O projeto impacta positivamente a comunidade escolar. Para os estudantes, primeiramente nós temos um processo histórico de construção da poluição ambiental, da crise climática, e o projeto faz com que eles percebam a relação do homem com o meio ambiente, e que isso tem que ser de forma muito mais harmoniosa, que nós podemos colaborar ainda mais para que o meio ambiente sobreviva e o nosso planeta ‘respire’ bem melhor. A retirada de plásticos do meio ambiente, além de despoluir, hoje é uma forma de renda para comunidades que trabalham nessas cooperativas. Ao mesmo tempo que nós contribuímos para o meio ambiente, contribuímos também para a renda mensal de várias famílias não só em Benevides, como em outros municípios”, ressalta o professor.
Evento internacional - O “OM Recicla” está inscrito na 1st International Child & Youth Conference on Education and Climate Change (1ª Conferência Internacional Infantojuvenil sobre educação e mudança do clima - CYC), com o tema “Reflorestando Mentes”. Segundo Adriel Souza, a expectativa é poder participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontecerá em Belém, em novembro de 2025.
“O ‘OM Recicla é um projeto que vai além dos muros da escola. Hoje, o projeto envolve os alunos, professores e toda a comunidade da Escola Otávio Meira, e nós queremos estendê-lo para outros ambientes, uma vez que escrevemos nosso projeto na Conferência Infantojuvenil, e estamos participando da fase pré-conferência. Apresentamos o projeto na nossa conferência escolar, e vamos concorrer a uma vaga para estarmos na COP 30. Esperamos que nosso projeto esteja lá”, informa o professor Adriel Souza.
A 1ª Conferência Internacional Infantojuvenil sobre educação e mudança do clima é uma iniciativa inovadora do Governo do Pará, executada pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que visa fortalecer o engajamento dos jovens nas questões ambientais e garantir sua participação ativa na COP 30.
O evento é alicerçado em um dos objetivos da Política Pública de Educação para o Meio Ambiente, Sustentabilidade e Clima do Pará, que garante a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a preservação do meio ambiente. Ao proporcionar um intercâmbio de experiências entre estudantes amazônidas e jovens de diferentes regiões, a CYC busca estimular a criação de projetos que contribuam para a proteção do planeta. O evento representa um marco histórico, que enfatiza a importância da educação ambiental e reafirma o Pará como protagonista nas discussões globais sobre mudanças climáticas.
Texto: Fernanda Cavalcante (Seduc)
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