Os candidatos à prefeitura de Porto Alegre estiveram nos quatros cantos da cidade neste sábado de feriado, intensificando o corpo a corpo e conversando com o eleitorado. Faltando menos de 30 dias para o primeiro turno, a campanha – que começou a passos lentos – ganha corpo e a cidade.
Lado a lado dos seus respectivos vices, Sebastião Melo (MDB), Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola e Felipe Camozzato (Novo) não focaram suas agendas em compromissos alusivos ao 7 de setembro, mas fizeram variadas agendas.
Assim como tem feito durante a semana, Melo equilibrou o trabalho de prefeito com a campanha. Iniciou o dia no palanque do Desfile Cívico Militar, enquanto comandante do Executivo. Poucas horas e alguns passos depois, peregrinou pelo o Parque Harmonia, durante o primeiro dia do Acampamento Farroupilha. Acompanhado da vice, Betina Worm (PL), foi bem recebido por apoiadores no local, parou em vários piquetes, tirou fotos e recebeu demandas sob olhares desconfiados e esperançosos.
Depois, rumou para outros três compromissos. Dois deles, lançamentos de comites de vereadores. As ações vem tomando boa parte da agenda do Melo enquanto candidato, mas ele enxerga com bons olhos.
"É um exército espetacular", disse, referindo-se aos candidatos à proporcional. Com uma coligação grande, a chapa de Melo tem mais de 200 concorrentes a uma vaga no Legislativo Municipal, o que, para ele, é um diferencial e uma boa vantagem.
O candidato contou que recentemente esteve e um evento de lançamento à proporcional com mais de 500 pessoas.
Melo valoriza a presença junto das proporcionais e, por isso, costuma acompanhar agendas que terminam, vez ou outra, passando às 22h. Junto disso, grava todos os dias para os programas de TV e rádio (o candidato tem mais de 5 minutos). Para equilibrar tudo com o comando do Paço, é estudada a ideia de, nos 20 ou 15 últimos dias de campanha, quando ela intensifica, que Melo se licencie. A decisão não está formada e o processo de reconstrução pesa.
Representando o oposto também nas pautas, Maria do Rosário iniciou sua tarde rodeada de verduras, ao invés de churrasco, durante esse sábado. Em um evento na Horta Comunitária do Morro da Cruz a candidata participou de uma oficina promovida pela chefe Regina Tchelly, idealizadora do Projeto Favela Orgânica do Rio de Janeiro.
Rodeada de apoiadores, moradores do bairro e curiosos, a candidata aprendeu, ao lado candidata a vice, Tamyres Filgueira (PSol) e das deputadas federal Reginete Bisto (PT) e estadual Laura Sito (PT), a reutilizar refeições com alimentos que normalmente são descartados.
Rosário vem apostando em uma campanha com o corpo a corpo, ainda que precise equilibrar com o mandato de deputada federal.
Mas, apesar de admitir as poucas horas de sono, não vê como desvantagem a jornada dupla, pelo contrário. Acredita que, assim, consegue ouvir e construir propostas melhores para cidade e no seu mandato. Enquanto circulava e conversava, se mostrou entre os seus. Pedagoga de formação, já deu aula no bairro. “A campanha é uma construção contínua de propostas, é impressionante como o programa básico que a gente apresentou vai sendo recheado de caminhos na própria escuta da população”, comentou.
Depois, ainda questionou: "Essa eleição não é sobre mim, é sobre um projeto melhor para Porto Alegre, uma vida melhor para as pessoas com políticas públicas. Só o dinheiro que foi desviado da educação poderia ter colocado quantas crianças na creche que hoje não tem vaga?”
Durante a tarde, há poucas ruas de distância dali, Juliana Brizola partiu, junto do vice, Dr. Thiago (União Brasil), do Campo da Tuca, para uma caminhada pelo bairro para falar com a população. Acompanhada de um candidato à vereança, foram bem recebidos pelos presentes – ainda que se deparassem, em uma porta ou outra, com bandeiras ou adesivos do PT. E essa é a principal aposta da candidata: seu baixo índice de rejeição.
“A gente anda na rua de cabeça erguida. As pessoas estão escolhendo o voto e todas elas querem estender a mão, falar com a gente e escutar nossas propostas. Isso, para nós, é muito gratificante, porque nós já temos um tempo de vida pública e até aqui não temos nenhuma mancha. Estamos nos apresentando de perto aberto e cara limpa”, afirmou a candidata, que vem intensificando as críticas ao atual prefeito.
“Tem corrupção no governo, não tem fiscalização, não tem controle com os gastos públicos, tem dinheiro público indo pelo ralo e, enquanto isso, a população sem creche. A população tendo que enfrentar a maior fila dos últimos 10 anos para conseguir uma cirurgia em uma cidade maltratada que ainda não resolveu os problemas dos alagamentos”, finalizou Juliana. As falas foram endossadas e encorajadas pelo vice, dr. Thiago, que acusou Melo de terceirizar a gestão, “mostrando completa incompetência e inconsistência”.
Enquanto isso, na Zona Norte, Felipe Camozzato apostou em um movimento para marcar posicionamento político e atrair atenção para sua candidatura. Saiu em uma carreata do Parcão, acompanhado da vice, Raqueli Baumbach (Novo) e de candidatos à Câmara de Vereadores, em cima de um carro de som, pedindo o impeachment do ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. De quebra, apresentava sua candidatura e pedia voto para os candidatos a vereador do Novo.
O candidato entende que a competência sobre impeachment de ministros do STF é do Senado. Ou seja, não compete a ele enquanto deputado, muito menos caso prefeito. Mas defende que um candidato, principalmente para uma vaga na majoritária, precisa ter os suas posições bem definidas e expostas.
A estratégia parte também de uma das maiores dificuldades encaradas pela candidatura, na avaliação do próprio Camozzato, que é de apresentar para a população que não o conhece. O que ocorre não só pela ausência na propaganda de Rádio e TV, mas porque os outros candidatos têm mais histórico na política ou já participaram de outros pleitos para prefeitura.
“É um jogo viciado e não dá para mudar Porto Alegre apostando sempre nas mesmas caras, nos velhos partidos. [...] A gente identifica tanto na Maria do Rosário, quanto no prefeito Melo, rejeições muito altas. Nós queremos nos apresentar como uma alternativa de que agora nós podemos não escolher (votar) no mais ou o menos pior, mas no melhor", defendeu.
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