A polícia prendeu em São Paulo um homem suspeito de integrar um plano para matar o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, um dos nomes mais conhecidos do governo Tarcísio. A coluna apurou que Marcelo Adelino de Moura, conhecido como China, seria o executor do crime. Ligado ao PCC, ele estava fortemente armado.
Com o bandido, a polícia apreendeu uma metralhadora Mag 762 usada pela Armada Argentina, um fuzil HK 47 – 762, coletes balísticos, capacetes balísticos, máscaras, luvas táticas e munições que abastecem de .50 a pistolas de 9 milímetros. China também escondia 18 tabletes de pasta base de cocaína e R$ 101 mil em dinheiro vivo. A maior parte da grana estava na casa dele, uma quantia menor, no carro.
Inicialmente, a operação que prendeu China não estava relacionada à investigação sobre o planejamento de atentado. Foi somente após a prisão, em maio, feita por agentes do Comando de Operações Especiais do Batalhão de Choque, que o setor de Inteligência da Polícia Civil identificou que o criminoso já vinha sendo monitorado, há algum tempo, por fazer parte da engrenagem de ataque a Derrite. Nessa maquinaria, caberia a China a derradeira função de puxar o gatilho. A ofensiva contra o secretário ocorre em um momento em que as forças policiais impõem um prejuízo bilionário ao PCC.
China, de 48 anos, possui uma extensa ficha criminal. Ele tem passagens na polícia por violar o Código Penal nos artigos:121 [homicídio], 329 [opor-se à execução de ato legal mediante violência ou ameaça], 299 [falsidade ideológica], 288 [formação de quadrilha], 155 [furto], 157 [roubo], 352 [evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência] e 297 [falsificar documento público].
Com Marcelo Adelino de Moura, a polícia apreendeu: duas munições para .50, 4 munições deflagradas para 7’62×51, 480 munições para 7’62×51, 824 munições em “fita”, 400 munições para 9, 31 munições para .40. E duas armas: uma Mag 7’62×51 “Armada Argentina 209″ e um Fuzil Hk 47 – 7’62×51.
Entre os acessórios, duas capas de colete balísticos, 4 placas de colete balísticos, 2 pares de luvas táticas, duas máscaras ” modelo Airsoft”, 1 designador, 1 carregador de lanterna, 2 capacetes balísticos, 1 par de joelheiras, 10 carregadores 7’62, 7 carregadores de pistola, modelo .40, 1 carregador modelo “cofre”. Também foram apreendidos 3 celulares iPhone e 2 celulares Xiaomi.
Prejuízo ao PCC
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, chefiada por Derrite, 2023 marcou um recorde na apreensão de cocaína, o mais rentável produto comercializado pelo PCC. No ano passado, a polícia capturou 39,6 toneladas da droga, a maior quantidade desde o início da série histórica, em 2001. Dezessete grandes pontos de armazenamento de entorpecentes foram estourados, sobretudo nas proximidades do Porto de Santos, usado para exportar o pó para Europa, Ásia, África e Oriente Médio.
A queda na arrecadação do PCC agrava o racha existente na facção. Isso porque alguns dos atuais chefes passaram a ter suas lideranças contestadas por figuras que querem ganhar espaço na estrutura da organização criminosa.
Embora a contabilidade do PCC tenha sido impactada, isso não quer dizer que a facção esteja com problemas de caixa. As autoridades ainda não conseguem mensurar qual seria o montante em poder da organização criminosa. “Não sabemos se quebramos a perna deles ou se fizemos apenas cosquinha. Mas sabemos que estão incomodados”, resume um integrante do setor de inteligência da polícia paulista. As operações têm sido feitas pela Polícia Militar, Civil e Federal, com apoio do Ministério Público.
A exportação de cocaína é a atividade mais rentável para o PCC. A droga é proveniente da Colômbia [a mais cara] ou da Bolívia e passa por rodovias e hidrovias até chegar a portos e aeroportos, com a finalidade de ser enviada a outros continentes. Quando a facção consegue fazer a droga chegar a países da Europa ou do Oriente Médio, vê o valor da droga multiplicar em até quinze vezes.
O mapeamento indica que a droga entra no Brasil, na maioria das vezes, via Acre ou Rondônia. O destino prioritário é São Paulo por conta da infraestrutura das rodovias do estado e por possuir meios para escoar a droga ao exterior, sobretudo por meio do Porto de Santos.
Entre os planos de Tarcísio e Derrite para combater o PCC, está assinatura de um decreto que visa fazer com que o dinheiro apreendido do narcotráfico possa ser usado para combater as próprias organizações criminosas.
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